Projeto de lei prevê multa para pais de crianças que cometem bullying
A proposta é de um político da Pensilvânia, mas psicopedagoga brasileira faz ressalvas à medida
Um projeto de lei na Pensilvânia (Estados Unidos) prevê que os pais sejam multados caso seus filhos pratiquem bullying. A proposta de Frank Burns é que, em um primeiro momento, os pais sejam notificados do comportamento do filho. Caso chegue a existir uma terceira agressão por parte da criança, eles seriam multados em 500 dólares, cerca de R$ 1630. E não para por aí... A cada ofensa subsequente, seriam mais 750 dólares, pesando no bolso!
A medida proposta pelo político prevê também que, antes de serem multados, os pais participem de uma palestra sobre bullying e uma reunião para a resolução do problema. "Se comprometer as contas bancárias for o necessário para que esses pais se responsabilizem pelo mau comportamento dos filhos, então vamos fazer isso", defende em vídeo publicado no seu website.
Cynthia Wood, psicopedagoga e psicóloga clínica, não acredita que essas multas sejam eficazes no contexto brasileiro. "Em casos de bullying, é importante que a escola não tenha a postura de resolver tudo sozinha… Isso precisa ser sinalizado aos pais de quem agrediu, eles precisam saber disso. Poderia ser o caso de chamar os pais para palestras sobre bullying, mas uma multa estaria longe de resolver a situação, porque não refletiria de forma alguma na postura da criança", ressalta.
Além disso, a especialista aponta que se algo estiver acontecendo em casa que desperte o comportamento agressivo da criança, a multa pode só piorar a situação. "Muitas vezes, a criança que agride está gritando por socorro, precisando da atenção de um adulto ou até refletindo a postura que os pais adotam em casa. Uma multa pode levar estes pais a gritarem mais, agredirem mais, o que só agravaria as agressões dessa criança na escola".
A solução apresentada por ela é manter sempre aberto um canal de diálogo com essa criança. "Em casos de reincidência, pode ser necessário a indicação de um tratamento psicológico, promover palestras para pais e alunos e até impor um serviço comunitário à criança. É necessário que a criança entenda desde cedo que seus atos têm consequências graves", explica a psicopedagoga.
Artigo publicado na Crescer OnLine. Veja o original aqui.