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​10 deslizes que as crianças não fazem por mal


​Seu filho chora por qualquer coisa? É desatento? Tira tudo do lugar? Tente se munir de paciência e perdoá-lo. As crianças costumam ter alguns comportamentos difíceis, que variam de acordo com sua etapa de desenvolvimento. Fique por dentro do que é mais frequente em cada fase, aprenda a agir da forma adequada e, principalmente, a pegar leve! Brinquedos pelo chão, chororô por qualquer motivo, “não fui eu” (quando você sabe que foi), leite derramado na mesa do café. Respire fundo e se console com o fato de que todos os pais enfrentam comportamentos semelhantes dos filhos, em determinadas fases – e isso independe da personalidade deles. Há períodos em que as crianças são desorganizadas, emocionalmente imaturas, contam pequenas mentiras, derrubam tudo que veem pela frente. E isso é normal, faz parte do desenvolvimento físico, cognitivo, emocional ou psicossocial. Basta ter em mente que essas chateações, mesmo quando persistentes, são transitórias e, assim, conte até dez, tentando perdoar seu filho antes de dar bronca. “Na infância, o cérebro está amadurecendo em todos os aspectos possíveis e imagináveis”, explica o médico especialista em psiquiatria da infância Gustavo Teixeira, autor de O Reizinho da Casa (Ed. Best Seller, R$ 22,30). Trata-se de uma época marcada por mudanças, aquisição de conhecimento, novas interações sociais e construção da personalidade, conforme enumera a psicóloga Mariana Bonsaver, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP). “O conflito faz parte desse processo e tende a desaparecer à medida que se evolui no desenvolvimento, adquirindo novas habilidades.” Conheça, a seguir, dez vacilos comuns que as crianças cometem, como lidar com eles e as razões pelas quais seu filho merece ser perdoado. 1. Ele é desastrado Até o fim da adolescência, a criança passa por mudanças físicas importantes, que demandam adaptação e novas percepções corporais. Por isso, conforme-se: nessa fase, é bem provável que ela seja desastrada, na tentativa de situar seu corpo no espaço. Mas é esperado que, com o passar do tempo, a coordenação motora vá aumentando, o que ajuda a agir de forma menos estabanada. “Com 2 meses, o bebê adquire o movimento de pinça e consegue agarrar objetos com a ponta dos dedos. Por volta dos 6 ou 7 meses, passa a engatinhar e desenvolve o equilíbrio. Aos 4 anos, por meio de desenhos e brincadeiras –como correr, pular e dançar –, já se mostra habilidoso para determinadas tarefas. E assim progressivamente”, explica a psicóloga e psicopedagoga Cynthia Wood, da clínica Crescendo e Acontecendo (SP). Mas, prepare-se: ela avisa que, entre 11 e 12 anos, vem a pior fase das dificuldades espaciais e motoras, devido ao crescimento acelerado. O papel dos pais é ter uma expectativa realista e entender que o filho irá, sim, derrubar objetos, tropeçar e se desequilibrar. Mas a saída não é realizar as atividades por ele. Ao contrário, devem deixá-lo comer sozinho, escovar os dentes, segurar um copo de água e correr livremente – sempre com supervisão. Ofereça estímulos, como brinquedos de encaixe e blocos para empilhar, que também contribuem com a coordenação motora. E se algum acidente acontecer, brigar está proibido. Isso só vai deixar a criança com medo de tentar, comprometendo seu desenvolvimento. O correto é lidar com naturalidade, evitando constrangimentos e incentivando a prática de atividades corporais. 2. Ele é desatento Quando essa característica não prejudica as atividades cotidianas, ela é considerada normal. Acontece porque o mundo é cheio de informações, despertando nas crianças uma curiosidade de explorá-las – aí, fica difícil manter o foco.Conforme ela cresce, vai aprimorando a habilidade de concentração, que só se consolida por volta dos 7 anos, com o amadurecimento do córtex pré-frontal, uma área do cérebro que regula essa função. Isso não quer dizer, porém, que os adultos devem esperar esse processo acontecer passivamente – cabe a eles contribuir com o exercício da atenção. Vale criar uma rotina que estabeleça uma ordem fixa dos eventos; promover atividades que trabalhem o raciocínio, como quebra-cabeças e contação de histórias; pedir ajuda para preparar receitas na cozinha, o que requer método e sequência; e conversar muito, já que o diálogo, em si, exige atenção do interlocutor. 3. Ele não é flexível

A fase do “não” é implacável: quase todas as crianças de 18 meses a 4 anos passam por ela. É quando começam a se perceber como indivíduos independentes da mãe e querem deixar bem claro seus gostos e opiniões. Evite dizer “não” a todo momento, caso contrário, seu filho reproduzirá o que ouve. Defina regras e, ao mesmo tempo, dê opções. Por exemplo: se ele chora e diz que não vai vestir a roupa que você escolheu, separe três alternativas e pergunte qual prefere. Assim, a criança sentirá mais controle sobre a situação e terá disposição em colaborar. E você ficará tranquilo, pois o traje seguramente será adequado para a ocasião. É bom saber que, muitas vezes, o “não” é automático, sem razão. Se o seu filho for questionado novamente, em seguida, pode concordar com aquilo que, antes, havia discordado. Por isso, tente encarar essa negativa com leveza, pois é bem provável que ela se transforme em um “sim” se você tiver uma pitada de paciência.


4. Ele se recusa a fazer o que precisa A hora do banho, na casa de Paula Machado, 25 anos, mãe de João, 4, e Rosa, 7 meses, é um dilema. “Quando a situação está muito difícil com o mais velho, ligo a banheira e coloco um monte de brinquedos dentro, ou espuma, e ele acaba se divertindo muito. Outra estratégia para convencê-lo é mostrar a sujeira no corpo”, conta. Assim como João, a partir dos 2 anos, as crianças começam a se negar a fazer o que não querem. Primeiro, porque preferem se divertir em vez de desempenhar tarefas, como guardar brinquedos, fazer lição de casa ou organizar o quarto. Segundo, porque notam que são capazes de influenciar outras pessoas para ter seus desejos atendidos. Entretanto, assumir responsabilidades é fundamental para que o indivíduo possa gerenciar suas atribuições ao longo da vida. Para que seu filho tenha essa consciência, o primeiro passo é estabelecer uma rotina a ser seguida. Além disso, certifique-se de que ele compreendeu como deve executar determinada atividade e o motivo pelo qual foi solicitada. Calendários e adesivos auxiliam na organização das obrigações. Por fim, recompensar o empenho com elogios ou uma brincadeira é um reforço positivo. Não custa lembrar que uma educação permissiva demais, com pais que mimam e protegem a criança da frustração a qualquer custo, tende a acentuar o problema. 5. Ele é egoísta A estudante Vitória Reimberg, 24, mãe de Isadora, 2, e Lucca, 10 meses, perdeu a vontade de levar a filha ao parquinho quando havia outras crianças por lá. O motivo: a menina não queria dividir nada com ninguém. Além dos próprios brinquedos, ela também se sentia dona dos objetos alheios. E quanto mais a mãe pedia para ceder, mais ela se irritava. Foi aí que Vitória resolveu mudar de tática. “Parei de interferir e deixei que minha filha aprendesse sozinha. Logo, ela começou a emprestar os brinquedos e percebeu, por conta própria, que a brincadeira fica mais interessante quando é compartilhada”, comemora. A verdade é que, até os 7 anos – e mais intensamente por volta dos 3 –, as crianças são egocêntricas, acham que o mundo gira em torno delas. “Trata-se de uma etapa do desenvolvimento humano, que é anterior à percepção do outro. Primeiro, a criança adquire consciência de si mesma”, esclarece a psicóloga Rita Calegari, do Hospital São Camilo (SP). Ser filho único não piora, necessariamente, a situação. O que realmente influencia é a educação dos pais. Por isso, valorize as pequenas ações do seu filho, quando tiver iniciativas altruístas, e mostre desenhos, filmes e livros infantis em que o ato esteja associado a um final feliz. “A convivência com outras crianças também é positiva, pois exercita a capacidade de relacionamento interpessoal, permitindo que experimente outros pontos de vista e, com isso, amplie o seu próprio”, sugere Rita. Mas os pais precisam auxiliar o filho a interpretar essas relações. Uma boa oportunidade é quando ele contar, por exemplo, algo que aconteceu na escola ou como se sentiu quando o amigo não emprestou um brinquedo. Cabe à família auxiliá-lo na compreensão dos próprios sentimentos, até que seja capaz de nomeá-los e de entender as outras pessoas por si mesmo.


6. Ele é desorganizado Sejamos sinceros: criança nenhuma gosta de arrumar os brinquedos, principalmente porque isso significa que a brincadeira acabou. E a resistência já começa a partir dos 2 anos, quando os pais passam a encontrar objetos espalhados pela casa e têm uma dificuldade enorme em fazer com que o filho os coloque no lugar. O primeiro passo para ensinar o “usou, guardou” é dar o exemplo, mantendo a casa sempre arrumada. Encontrar meios de tornar a organização mais divertida também costuma funcionar. A instrutora de ioga Priscila Bellio, 32 anos, que está grávida e é mãe de Giovanna, 2, encontrou uma boa estratégia. “Digo que devemos guardar aquilo que tiramos no local onde pegamos. Vou mostrando e pedindo a ajuda da Gigi, cantando uma música: ‘Guarda, guarda, guarda, guarda com carinho, quem guarda direito encontra tudo arrumadinho’. Ela canta junto e colabora”, diz. Para facilitar a vida das crianças, é importante que os pais providenciem baús, caixas organizadoras ou estantes para colocar os brinquedos, disponíveis em uma altura acessível. Doar aqueles que não são mais usados é uma boa dica, pois evita o acúmulo. Outro conselho dos especialistas é estabelecer regras claras para a hora da brincadeira. Na casa da nutricionista Ana Camila Mininel Liberador, 34, mãe de Maria Clara, 8, Luiz Henrique, 5, e Maria Luiza, 3, dá certo. “Eles vivem deixando os brinquedos espalhados. Mas a condição para iniciar uma nova atividade é guardar os brinquedos que estavam sendo usados primeiro. Caso contrário, vem o anúncio: ‘Se não recolherem, nós faremos isso, mas doaremos tudo’. E quando não obedecem, cumprimos com a nossa palavra”, conta. É fundamental ter em mente que organização não é um conceito que se aprende sozinho. Portanto, se os pais não ensinarem, é bastante provável que a criança se torne um adulto bagunceiro. Quanto antes as lições começarem, melhor. Entretanto, só por volta dos 4 anos seu filho finalmente conseguirá assimilar, de fato, o senso de ordem e responsabilidade. 7. Ele mente Durante o desenvolvimento, as crianças misturam realidade e fantasia e, não raro, a mentira aparece nesse contexto. A maturidade para distinguir o verdadeiro do falso vem ao longo do tempo. “Os conceitos sociais amadurecem conforme se aprende a nomear e a entender o mundo”, explica a psicóloga Rita. Isso é gradativo – crianças menores de 3 anos dificilmente têm essa compreensão, mas das de 10, espera-se que sim. De qualquer forma, é necessário que os pais mostrem aos filhos que mentir é errado e traz consequências – mesmo que a atitude pareça conveniente para evitar broncas, trazer recompensas, isentar-se de culpa, melhorar a autoestima ou chamar a atenção. É missão dos adultos identificar a motivação e repreender a criança, para que entenda que a verdade é o melhor caminho. “Toda vez que notar uma inverdade, pontue a diferença entre a fantasia e a realidade, mesmo que seu filho ainda não a entenda. Ele deve saber que, quando mente, tem desaprovação e se conta a verdade, é admirado”, ensina a psicopedagoga Cynthia. Ou seja, em vez de castigar ou dar uma bronca, o melhor é esclarecer os benefícios e os prejuízos de cada conduta. O mais importante, porém, é educar pelo exemplo. Se você está em casa e pede para seu filho dizer que saiu, está ensinando-o a mentir. Parece bobagem, mas esse tipo de atitude confunde as crianças e estimula a prática da mentira. 8. Ele faz pequenas maldades Conversa, muita conversa. É assim que a instrutora de ioga Priscila tenta conter a filha. “A Giovanna bate nas pessoas e nos objetos quando está brava, com sono, fome ou cansada. Sempre explico que não pode, que não é legal, que ela deveria fazer carinho”, conta. Dona de três gatas, ela sofre com as investidas de Gigi, que puxa o rabo, a orelha e o bigode das bichanas. “Aviso que é errado, que, qualquer dia, as gatas vão atacá-la e eu não poderei defendê-la”, diz. A postura de Priscila está correta. É preciso reforçar mil vezes que agir com agressividade não é aceitável, apesar de ser comum na faixa etária entre 1 ano e meio e 4 anos. É quando a criança está desenvolvendo a linguagem, não sabe se expressar com precisão e acaba demonstrando os sentimentos por meio de atitudes (nem sempre politicamente corretas), como bater e morder. Sem contar que é nessa fase que incorpora a noção de limite – e a agressividade é um jeito de testar até onde pode ir com os adultos. Por isso, o mais importante é não responder da mesma forma. Na hora do problema, o melhor é dizer um “não” bem firme e, no dia a dia, sempre deixar claro o que é errado, levando seu filho a se colocar no lugar do outro e a refletir. Elogiar e valorizar os comportamentos adequados também ajuda muito. 9. Ele chora por tudo Seja porque quer algo, seja para chamar a atenção, seja porque está com fome. O chororô começa e não tem mais fim. A melhor saída é impor limites, passar segurança e mostrar que a conversa funciona melhor do que as lágrimas. Mas não basta seu filho aprender a falar para o pranto chegar ao fim. “Embora as palavras ajudem a nomear as emoções, as crianças não têm a maturidade necessária para lidar com elas”, justifica a psicóloga Rita. A vantagem é que, ao dominar a linguagem, elas podem revelar o motivo do choro e os pais têm a oportunidade de ajudá-las a encontrar uma forma de processar seus sentimentos. “Antes de rotular seu filho como chorão, cheque se não há algo que o incomoda, qual é seu nível de sensibilidade e se ele não aprendeu a recorrer a esse comportamento para conseguir o que quer”, ensina ela. 10. Ele é ansioso e impaciente Existe um componente genético e hereditário na ansiedade: pais ansiosos tendem a transmitir o padrão aos filhos. Mas há também uma fase em que as crianças costumam ser impacientes e não querem esperar por nada, que é entre 1 e 3 anos. Muitas reagem com choro, quando não são atendidas na hora. A advogada Júlia Feliz, 32 anos, mãe de Miguel, 3, e Anna, 10 meses, conhece o drama. O menino tem dificuldade em lidar com a a espera – tanto de uma viagem como de uma sobremesa. Ocorre que a noção de tempo, nessa idade, ainda é muito rudimentar. A percepção da cronologia e do espaço fica mais clara somente depois dos 5 anos. Antes disso, a criança percebe o mundo por meio de sua rotina diária. Por exemplo: quando escurece, é hora de dormir. Daí o motivo da impaciência. Para resolver o problema, Júlia criou algumas regras claras e fáceis de seguir. “Digo que ele tem duas balas para comer depois do almoço e elas ficam no campo de visão dele, até que termine. ‘Miguel, o aniversário começará às 18 horas, quando o ponteiro do relógio chegar aqui. Antes, a festa está fechada’.” Ela conta que, nos dias que antecedem viagens e passeios, recorre a um calendário ilustrativo para fazer a contagem regressiva. E uma rotina bem marcada também colabora para acalmar a ansiedade, pois Miguel já sabe a ordem em que as atividades ocorrem. Todas essas medidas trouxeram um grande avanço para o menino, segundo a mãe. E é por aí mesmo. Estabelecer um cronograma e explicar a sequência dos acontecimentos, de forma clara, ajuda muito a amenizar a inquietação. E, obviamente, controlar a própria impaciência é crucial para educar pelo exemplo. Outra fonte: Tais Kelly Silva Zioli, psicóloga da Rede de Hospitais São Camilo (SP).



​Veja o artigo original publicado aqui.​


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