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Criança obesa pode sofrer bullying! Veja como lidar com isso.


Os problemas que seu filho enfrenta na escola, se estiver acima do peso, são muitos, tais como ter o andar inadequado, os constrangimentos no vestiário, os apelidos, o preconceito, as agressões físicas e a exclusão social. Obesidade infantil é um problema grave e deve contar com ajuda médica! Além dos problemas para a saúde, a obesidade traz uma outra complicação para a vida da criança e que também é bem grave: o bullying, geralmente ocorrido na escola. Resultado? Prejuízos emocionais significativos aos pequenos. Essa agressão verbal, durante a fase do colégio, somada ainda à violência física, pode ser mais um entrave para a criança obesa que precisa perder peso. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), uma em cada três crianças brasileiras sofre com a obesidade e, aproximadamente, 15% da garotada entre 5 e 9 anos de idade apresenta o problema. Uma pesquisa realizada com 109.104 estudantes do 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas revelou que a prática do bullying é proporcionalmente maior entre os estudantes do sexo masculino (26,1%) do que do sexo feminino (16%). Entre as inúmeras causas citadas por alunos para a prática do bullying, as mais citadas foram a aparência do corpo seguida da aparência do rosto. O estudo foi divulgado no artigo "Causas do bullying: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde da Escola", publicado em maio de 2015, na última edição na Revista Latino Americana de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). Os problemas que uma criança obesa enfrenta na escola são vários: um andar inadequado, os constrangimentos no vestiário por causa do corpo, os apelidos dados pelos colegas, o preconceito, as agressões físicas e a exclusão social. "Elas sofrem ainda com possíveis atitudes negativas de seus professores, que os descrevem com frequência como apáticos, lentos, distraídos ou preguiçosos", aponta Irene Maluf, especialista em psicopedagogia, educação especial e neuroaprendizagem. Nesse caso, o bullying afeta diretamente a autoestima das crianças obesas. "Os pequenos que estão acima do peso são, geralmente, menos aceitos como líderes e têm dificuldade em fazer amizades. São, portanto, menos populares e esse quadro causa também o isolamento social, bem como o comportamento de agressão, principalmente verbal, quando a criança e o jovem obeso tornam-se autores de bullying", diz Irene. Outro fator prejudicial é que as crianças obesas costumam apresentar distúrbios psicomotores, como dificuldade na coordenação, no equilíbrio e na velocidade ao caminhar. Então, o bullying na escola pode impactar ainda no rendimento dos estudos e na socialização. "Quando sofrem rejeição social é comum perceber uma criança isolada, angustiada, com baixa autoestima e episódios de depressão", explica Cynthia Wood, psicóloga e psicopedagoga na Clínica Crescendo e Acontecendo. A terapeuta familiar Roberta Palermo completa ao afirmar que o bullying na escola por causa da obesidade infantil tem um peso ainda mais forte na vida dos pequenos. "Essas crianças nem sempre são escolhidas nos times de jogos ou grupos de estudo/trabalho", aponta a terapeuta. Por sua vez, para Ana Rosa Gliber, psicóloga especialista em Transtornos Alimentares e Obesidade, essa violência sofrida deixa marcas profundas nas crianças, que podem levar à depreciação de si mesmas e a desenvolverem sentimentos de exclusão e abandono, bem como de desmotivação e isolamento. Assim, muitas crianças obesas que foram vítimas de bullying desenvolvem medo, pânico, depressão e, geralmente, evitam retornar à escola. "Pais e mães devem procurar a escola e ter um diálogo para que estas práticas de bullying sejam eliminadas. É interessante a escola ter projetos para tratar das diferenças de cada um e incluir o sobrepeso e obesidade nestes programas. É preciso conscientizar os alunos sobre esta violência e desencorajar a prática", aponta Ana.

COMO LIDAR COM ESSE TIPO DE SITUAÇÃO? Ações dos colegas afastam a criança obesa

"Ações emocionais - como denegrir a imagem, afastar o colega obeso do grupo mediante pressão ou a disseminação de histórias desagradáveis - promovem a exclusão, a discriminação e a rejeição no grupo social e determinam o aparecimento da baixa autoestima e depressão na criança e no jovem obeso", explica Irene Maluf, especialista em psicopedagogia, educação especial e neuroaprendizagem.

Bullying na escola

Para Cynthia Wood, psicóloga e psicopedagoga na Clínica Crescendo e Acontecendo, entre os principais indicativos de que a criança - obesa ou não - está sendo vítima de bullying na escola estão:

  • isolar-se do grupo;

  • ficar próximo de algum adulto;

  • ter dificuldade de falar diante dos demais alunos na sala de aula;

  • ser o último a ser escolhido na educação física;

  • demonstrar uma aparência de triste e deprimido;

  • desleixo nas tarefas da escola.

Autoestima da criança obesa

"É comum essa criança ou adolescente obeso fazer de tudo para se destacar de alguma outra maneira. Por isso, eles costumam ter as seguintes atitudes: buscar a bola que foi parar do outro lado da quadra, pegar água, fazer a lição de casa ou a pesquisa para o outro colega, pagar o lanche na cantina etc. Os adultos precisam ficar atentos com isso", reforça a terapeuta familiar Roberta Palermo.

Não estimule a criança a se vingar ou revidar o bullying "Em primeiro lugar, escute seu filho e investigue o que está ocorrendo em detalhes. Entre em contato com o professor dele e com a direção do colégio, explique o que está ocorrendo. Peça cooperação na investigação e na resolução do acontecido. E não estimule a criança 'bulinada' a se vingar ou revidar, pois isto piora ainda mais a situação. Discuta alternativas seguras para responder aos agressores e pratique respostas com seu filho. E cobre do colégio medidas para que o agressor não continue a praticar o bullying", indica Cynthia.

Mudar a alimentação e atividades físicas são o primeiro passo Para Roberta Palermo, mudar a alimentação e colocar a criança obesa para fazer atividades físicas é o primeiro passo. "Ao perceber que o pequeno enfrenta problemas com os colegas na escola, pais e mães devem marcar uma reunião e ver como a escola age e resolve os conflitos. Uma parceria entre pais, mães e a escola é fundamental nesse momento. O colégio precisa ensinar bons valores aos seus alunos e não pode aceitar que maus tratos ocorram no ambiente escolar", pontua a terapeuta familiar.

O que a escola pode fazer para desestimular o bullying contra crianças obesas? Segundo Irene Maluf, a própria atitude dos professores em relação aos alunos obesos deve servir de modelo, assim como a prática diária de valores de vida, o respeito à individualidade e ao próximo. "Antes de pensar em castigos e punições, a escola deve abordar o tema e conscientizar a todos da crueldade e das consequências desses atos que ultrapassam em muito as brincadeiras", avalia.

Hostilidade contra as crianças obesas Para Cynthia Wood, a escola deve agir imediatamente se perceber qualquer atitude hostil contra as crianças obesas. Além disso, claro, deve deixar os professores e funcionários cientes do que está acontecendo. "É necessário ainda comunicar aos pais e mães, tanto da vítima quanto do agressor, além de oferecer apoio e ajuda emocionais à vítima. É importante também conscientizar os agressores e seus pais dos danos que o bullying pode causar às suas vítimas e explicar que, se persistir a agressão, a escola tomará as medidas necessárias", recomenda. Roberta Palermo completa dizendo que a escola pode fazer reuniões, palestras, assembleias e até mesmo levar especialistas para conversar com os alunos em qualquer situação problema que aparecer. "Além de explicar o tema em conflito, esse especialista pode mostrar a dor do colega para fazer com que os alunos reflitam. Inclusive, a escola não precisa esperar o bullying acontecer, mas pode se antecipar e fazer trabalhos preventivos", opina Roberta Palermo.

Mostre à criança obesa que a situação é passageira Para Irene Maluf, o primeiro passo é procurar ajuda médica, porque obesidade é um problema de saúde, e depois é mostrar ao seu filho que essa situação de obesidade é algo passageiro. "Ninguém nasce obeso. Essa é uma situação que pode mudar. Entretanto, me chama a atenção a questão das meninas, especialmente as que se intitulam gordas, quando na verdade não são. Na verdade, elas fogem do padrão de beleza atual. Acabam também por se comportar como obesas e passam a sofrer algumas formas de rejeição similares e até bullying de colegas. Acredito, por isso, que a ajuda profissional é indispensável nesses casos, evitando, assim, males piores, como bulimia e anorexia", afirma.

Chamar de "meu gordinho" em casa é uma forma de bullying? "Depende da forma como a família constitui estes adjetivos. Tem criança que pode achar isso agressivo e outras que podem entender como algo carinhoso. Para evitar confusões é importante a família ficar atenta e se comunicar de outras formas com o filho", afirma Ana Gliber. Para Cynthia, muitas vezes, os pais acham que é um apelido afetuoso, mas isso aflige e constrange a criança, que se sente triste e desprotegida pelos pais. "Outra questão é que o pequeno pode se identificar com esta característica, que tem uma conotação negativa, em outros grupos na qual fará parte. E aí seu filho poderá confundir o que é um "apelido" usado em casa, de forma carinhosa pelos pais, com as "provocações" feitas pelos amigos", pontua a psicopedagoga. Em que tipo de caso é necessário buscar ajuda médica e/ou terapêutica? "Sempre! Obesidade não é problema de vaidade, mas de saúde, e gera problemas emocionais, escolares, sociais e profissionais graves", ressalta Irene Maluf. "Dependendo do grau de ansiedade e de medo que a criança está envolvida, procure um psicólogo para ajudá-lo a superar este trauma. Mas jamais se esqueça de que a melhor ajuda, nesses casos, é a da família", completa Cynthia Wood. Veja o post original no Tempo de Mulher aqui.

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